O garimpo ilegal já devastou 13.484 hectares dentro dessas áreas protegidas – concentrados em 15 Unidades de Conservação na Amazônia. Destas, nove estão no Pará. Os dados fazem parte do novo levantamento do Greenpeace Brasil
Focados nas Unidades de Conservação, os pesquisadores, por meio de imagens de satélite, identificaram um movimento migratório da atividade garimpeira saindo do sentido leste para o sudoeste da Amazônia – mais precisamente, saindo do Pará e indo em direção ao estado do Amazonas, com impactos sendo vistos nos rios Tapajós, Jamanxim, Anamã e Parauari.
A análise, que excluiu a categoria Área de Proteção Ambiental (APA), também utilizou alertas do Papa Alpha, uma ferramenta própria do Greenpeace, que utiliza sensores, além de sobrevoos em dois parques nacionais para registrar as atividades ilegais.
As Unidades de Conservação mais afetadas pelo garimpo:
- Floresta Nacional do Amanã (PA)
- Floresta Nacional do Urupadi (AM)
- Floresta Nacional do Crepori (PA)
- Parque Nacional do Jamanxin (PA)
- Floresta Nacional de Altamira (PA)
- Floresta Nacional do Jamari (PA)
- Estação Ecológica do Alto Maués (AM)
- Parque Nacional do Juruena (AM/MT)
- Floresta Nacional de Itaituba (PA)
- Parque Nacional do Mapinguari (AM)
- Parque Nacional dos Campos Amazônicos (AM)
- Floresta Nacional de Itaituba II (PA)
- Floresta Estadual do Amapá (AP)
- Reserva Extrativista Riozinho do Anfrísio (PA)
- Floresta Nacional do Trairão (PA)
As Unidades de Conservação têm papel fundamental na mitigação dos impactos causados pela crise climática. São áreas com características naturais relevantes, instituídas e protegidas pelo poder público, que têm entre suas finalidades a preservação, o uso sustentável e a recuperação dos ambientes naturais.
Flona do Amanã: a mais destruída
Para se ter uma ideia, na Floresta Nacional do Amanã, que fica na divisa entre o Amazonas e o Pará, o estudo identificou 6,8 mil hectares de garimpo. “Amanã” é um termo de origem indígena que significa “água que vem do céu”. O rio de mesmo nome, o mais importante daquela Floresta Nacional, possui 156 quilômetros – desses, 56 já foram afetados pelo garimpo, sem contar seus afluentes. A Flona do Amanã é a Unidade de Conservação da Amazônia que tem a maior área destruída por garimpo ilegal.
Os garimpos causam destruição ambiental, potencializam as violações dos direitos de povos indígenas e comunidades tradicionais, geram perdas econômicas graças à sonegação fiscal e não pagamento de impostos e, ultimamente, estão atrelados ao crime organizado – tendo sua infraestrutura utilizada também para o tráfico de drogas, de armas, de pessoas e de animais silvestres.