Amostras de águas coletadas nos rios Tapajós e Amazonas, em Santarém, no oeste paraense, revelaram a presença de 21 agrotóxicos de uso comum na agricultura.
A análise indica que o inseticida fenitrotion foi detectado em 78% das amostras, em seguida aparece a cipermetrina, presente em 63%. Outro destaque foi o fipronil, que é proibido na União Europeia e outros países por causa da sua alta toxicidade ambiental, mas foi encontrado em 33% das amostras acima do limite razoável. De acordo com o artigo, do total de 21 agrotóxicos encontrados, 13 estavam em concentrações consideráveis nas amostras de águas urbanas e de comunidades ribeirinhas.
Os resultados faxem parte do estudo realizado por pesquisadores da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto (FCFRP) da USP e publicado na revista científica Environmental Research
Ao todo foram 27 pontos de coleta próximos à cidade de Santarém, no Pará, em uma área de proteção ambiental em que o uso de praguicidas em plantações está proibido. A hipótese é que as substâncias tenham sido carregadas por longas distâncias vindas de outros rios contaminados na região.
Sinal de alerta
Gabriel Cezarette, primeiro autor do trabalho, ressalta que a presença dessas substâncias na água é um sinal de alerta, já que pode indicar a contaminação dos produtos agropecuários, o que traz impactos não só ambientais, mas também econômicos.
“Fipronil ou qualquer outro pesticida de uso proibido no exterior pode ter a exportação vetada”, ressaltou o pesquisador em entrevista ao Jornal da USP.
Apesar de não terem identificado riscos das concentrações de agrotóxicos para o consumo de água pela população local, Cezarette pondera que os testes não levaram em consideração grupos de risco como crianças, idosos e gestantes, que podem estar sujeitos a efeitos adversos.
“O uso de pesticidas é frequentemente controverso porque, apesar da sua capacidade de melhorar a produção de alimentos, a maioria desses compostos são resistentes à degradação e podem bioacumular no ambiente e biomagnificar [aumentar sua concentração] na cadeia alimentar”, afirma a professora Marília Souza, que orientou os estudos.