Uma pesquisa revelou novas possibilidades para a restauração de áreas degradadas na Amazônia. O estudo, publicado na revista Restoration Ecology, foi conduzido por pesquisadores Instituto Tecnológico Vale (ITV), o Museu Paraense Emílio Goeldi, e as universidades federais do Pará (UFPA) e de Minas Gerais (UFMG) e lista dez espécies de abelhas e dez de plantas que formam redes ecológicas essenciais para o recuperação ambiental.
Os destaques entre as plantas selecionadas estão o urucum (Bixa orellana), o muricí-da-praia (Byrsonima stipulacea) e o fedegoso-gigante (Senna alata). Já entre as abelhas, algumas das espécies com melhores avaliações foram a uruçu boca de renda (Melipona seminigra), a abelha-borá (Tetragona clavipes) e a jataí (Tetragonisca angustula). A ideia é que ao favorecer essas espécies se tenha maior êxito nos processos de restauração.
Para isso, a pesquisa analisou a interação entre polinizadores e plantas em diferentes estágios de recuperação na Floresta Nacional de Carajás, no sudeste paraense, onde há impactos causados por projetos de mineração. Na região, foram coletados visitantes florais em áreas de restauração de minas de areia, depósitos de resíduos de ferro e em áreas de floresta primária.
No total, foram identificadas 118 espécies de plantas, 137 espécies de abelhas e 51 de vespas, destacando que cinco espécies de abelhas e doze espécies de plantas respondiam por mais da metade das interações observadas.
Para o pesquisador do ITV, Rafael Cabral Borges, essa nova abordagem para a restauração ecológica vai além do simples plantio de árvores, pois permite, por exemplo, saber quais são as espécies mais generalistas, ou seja, que interagem com um maior número de plantas. Isso, segundo o especialista, torna a restauração mais eficiente e facilita o processo de recuperação do ecossistema.
“Integrar polinizadores, que são essenciais para a reprodução das plantas, é crucial para garantir a estabilidade a longo prazo dos ecossistemas restaurados”, explicou Rafael Borges à Agência Bori.
Além da importância para a restauração de grande áreas com impacto ambiental, o pesquisador observa que esse modelo pode ser útil tanto para pequenos agricultores, que enfrentam desafios de polinização em suas propriedades, mantendo o equilíbrio entre fauna e flora.
O pesquisador ressalta ainda que a proposta oferece uma base científica para auxiliar em tomadas de decisões e alocação de recursos nos projetos de restauração em diversas escalas.