O agravamento da crise climática torna as informações sobre a condição do tempo, clima, temperatura, períodos de seca e níveis de chuva cada vez mais essenciais para a população do mundo todo. Apesar da importância desses dados, regiões vulneráveis a essas mudanças como a América do Sul ainda não contam com sistemas precisos para descrever os processos hidroclimáticos.
Diante desse desafio, um consórcio de pesquisa que inclui especialistas do Brasil, Estados Unidos e da União Europeia tem se dedicado ao desenvolvimento de um modelo computacional específico para os países sulamericanos. A ideia é que o sistema ajude os tomadores de decisão a entender a necessidade de adotar medidas mais efetivas de adaptação às mudanças climáticas.
“A América do Sul enfrenta duas forças gigantescas, que são as mudanças climáticas e no uso da terra, que têm ocorrido não só na floresta amazônica, mas também em outras áreas da região, como o Chaco, na Argentina. E também temos mudanças muito grandes tanto no clima global quanto no regional. Como resultado desses processos temos observado que os extremos climáticos estão mudando em todo o continente e isso põe em risco a segurança hídrica e alimentar de milhões de pessoas”, disse Francina Dominguez, do Centro Nacional de Aplicações de Supercomputação da Universidade de Illinois, à Agência Fapesp.
De acordo com os cientistas, as alterações já observadas, a exemplo da seca extrema de 2023 na Amazônia, devem afetar a produtividade agrícola, o abastecimento de água e a geração de energia em outras localidades. No entanto, as previsões são prejudicadas porque os modelos climáticos globais (GCMs, na sigla em inglês) não capturam as particularidades do hidroclima regional.
Por meio do South America Afinity Group, os pesquisadores já conseguiram realizar duas simulações computacionais e de previsão do tempo com precisão inédita, representando climas históricos e futuros do continente. Com isso será possível validar um modelo avaliar as alterações que ocorrerão na região com o clima mais quente, por exemplo.
“Agora, estamos começando a ser capazes de representar corretamente o hidroclima da América do Sul nas escalas necessárias”, ressaltou Francina Dominguez,