Operação da Polícia Federal contra fraudes na comercialização e criação de gado em terras indígenas no Pará, cumpriu sete mandados de busca e apreensão nas cidades paraenses de São Félix do Xingu, Tucumã, Redenção e Parauapebas na terça-feira, 19. Além das casas dos investigados, também foram objeto de buscas duas fazendas utilizadas na prática dos crimes.
A investigação do MPF se baseia no Relatório Boi Pirata, que revelou uma grande quantidade de bovinos movimentados da Terra Indígena Apyterewa para fornecedores diretos dos frigoríficos. Isso indica a prática de triangulação, através de possível inserção de informações falsas em Guias de Trânsito de Animais (GTAs).
A suspeita é de que foram registradas GTAs de saída da Apyterewa para fornecedores e intermediários, com finalidade declarada de engorda, e destes para os frigoríficos com a finalidade de abate, apenas para ocultar a origem ilegal dos animais movimentados.
No entanto, a movimentação real dos bovinos não corresponde à registrada nas guias, isto é, eles não transitam de fato pelas fazendas intermediárias – ou, ainda que transitem, não são efetivamente engordados nas fazendas intermediárias.
A Apyterewa é a terra indígena mais desmatada no país. O local sofreu nos últimos anos com a ocupação irregular de não indígenas. Em outubro do ano passado, o governo federal realizou uma grande operação de desintrusão e, a partir de então, várias retiradas de gado irregular.
Retirada de animais
Na quarta-feira, a Polícia Federal anunciou a retirada de 191 bovinos, sete búfalos e 25 cavalos, da TI Apyterewa, no Pará.
Parte dos gados retirados permaneciam na área desde a primeira fase da retirada de invasores, iniciada em outubro de 2023. A outra parte foi apreendida apenas na segunda-feira, 18/11. O dono desses animais tocava-os para dentro da TI para que pastassem no local durante a noite e os retornava pela manhã para sua fazenda, que é vizinha à terra indígena.
O homem foi detido em flagrante pelos crimes de desobediência e de impedir a regeneração de florestas, e liberado logo após assinar termo de compromisso de comparecimento perante à Justiça. Os animais ficarão em fazenda de quarentena aguardando sua destinação em obediência às determinações do STF.