A bioeconomia, uma das soluções apresentadas para cumprir a meta do governo de zerar o desmatamento no país, está sendo debatida em diversos eventos e o nosso Pará é parte essencial deste plano. Nesta semana, o tema foi discutido no seminário “Desafios do governo Lula para ambiente e clima”, promovido pela Folha de S.Paulo, na capital paulista, e na conferência “Desenvolvimento Sustentável na Amazônia” realizada pelo Ministério das Relações Exteriores, no Palácio do Itamaraty, em Brasília (DF).
A reunião no Itamaraty trata-se de um evento preparatório para a Cúpula da Amazônia, que ocorrerá em Belém nos dias 8 e 9 de agosto, como já publicamos aqui no Pará Terra Boa.
Os encontros marcam a união de esforços de aceleradoras de negócios, fundos de investimentos e iniciativas governamentais que tentam transformar projetos de economia sustentável na Amazônia em um novo modelo socioeconômico para o país.
“Essa nova economia não pode ser discutida sem pensar primeiro na garantia da terra e do território”, disse Edel Moraes, secretária do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), durante o seminário em São Paulo.
Ainda de acordo com ela, 70% dos territórios preservados ou conservados na região estão sob a responsabilidade de indígenas e comunidades tradicionais.
Destaque na gestão ambiental e pioneiro na elaboração de um plano estadual de bioeconomia, o nosso estado também possui as duas cidades que mais emitem gases do efeito estufa no Brasil: Altamira e São Félix do Xingu. Nessa linha, o governador Helder Barbalho (MDB) disse na conferência que ocorreu em Brasília que é fundamental fortalecer as medidas de comando, controle e fiscalização para reduzir e combater crimes ambientais, mas também garantir a chamada economia de baixo carbono.
“O principal diferencial, e que nos enche de orgulho, foi fazer algo inovador com a escuta qualitativa de PIQCTs. Temos hoje um plano consistente, onde as comunidades tradicionais afirmam que pela primeira vez eles se sentiram partícipes dentro de uma política pública no Estado do Pará. E é dessa forma que acreditamos na sua eficácia, pois não foi algo pensado de cima para baixo. Foi construído com quem mais entende da biodiversidade”, enfatizou Mauro O’de Almeida, secretário de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Pará.
Uma das questões debatidas no evento que discutiu os desafios do governo Lula para ambiente e clima foi os tipos de projeto que têm sido enquadrados como bioeconomia. Para Nurit Bensusan, especialista em biodiversidade do Instituto Socioambiental (ISA) é preciso se distanciar de uma economia predatória, insensível e colonial.
“Nos perguntamos se [a bioeconomia] realmente é um caminho distinto ou se é mais do mesmo. Se é só a economia dos recursos naturais, do pau- brasil até a soja, que é predatória, insensível e colonial, não tem nada de novo. Se usa mão de obra barata de povos da floresta, a gente continua na colonização. A ideia não é transformar todo mundo em proletário da floresta”, concluiu.