A fumaça das queimadas que cobre os céus de diversas cidades do Pará pode afetar a saúde das pessoas imediatamente, com crises respiratórias, mas as consequências mais graves, como o desenvolvimento de câncer, podem aparecer muitos anos depois. “É o preço que vamos pagar pelo ar que estamos respirando hoje”, disse diretor-geral do Inca, Roberto de Almeida Gil, em um congresso recentemente.
Segundo um estudo publicado na revista The Lancet, a poluição do ar provocada por incêndios está relacionada com mais de 1,53 milhão de mortes por ano em todo o mundo, especialmente nos países em desenvolvimento. Esse número de óbitos deve crescer nos próximos anos como agravamento das mudanças climáticas, que deixa o clima mais quente e seco em muitas regiões, fazendo com que os incêndios florestais sejam mais frequentes e intensos.
Na última sexta-feira, 29, Santarém foi a segunda cidade mais poluída do planeta por causa da fumaça causadas pelos incêdios florestais. Mas o município do oeste paraense não é o único. O Estado é campeão em número de queimadas, com mais de 53 mil focos de fogo desde o início do ano,
Isso porque a fumaça das queimadas contém partículas minúsculas com poder devastador de penetrar nos pulmões, causando irritação e inflamação. Essas partículas finas estão associadas a diversos problemas de saúde, como dificuldade para respirar, tosse, rritação nos olhos, doenças respiratórias crônicas (asma, bronquite), aumento do risco de doenças cardiovasculares e câncer .
Além das partículas, a fumaça também contém gases tóxicos, como monóxido de carbono, que podem reduzir a capacidade do sangue de transportar oxigênio, levando à falta de ar e até mesmo à morte. A queima incompleta de materiais orgânicos durante as queimadas libera substâncias químicas que são conhecidas por causar câncer.
Quem são os mais vulneráveis?
- Crianças: Crianças são especialmente vulneráveis aos efeitos da poluição do ar, pois seus pulmões ainda estão em desenvolvimento e respiram mais rápido que os adultos.
- Idosos: Pessoas idosas e com doenças crônicas, como asma e doenças cardíacas, também são mais suscetíveis aos efeitos da fumaça das queimadas.
- Pessoas que trabalham ou vivem ao ar livre: Agricultores, bombeiros e pessoas que vivem em áreas rurais estão expostos a níveis mais altos de poluição e, consequentemente, correm maior risco de desenvolver problemas de saúde.