O novo relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês) apresentado na segunda-feira (9/8) traz um panorama de previsões para a América do Sul. E elas não são boas para a nossa terra boa.
Uma das previsões é de que pode haver aumento de dias com temperaturas altas, na casa de 35°C, até o final do século 21.
O documento elaborado por 234 cientistas de 66 países com mais de 14 mil referências deixa uma janela aberta para nos perguntarmos: que país queremos para os nossos filhos e netos?
“Os desmatamentos na Amazônia e em outros biomas brasileiros contribuem para o aquecimento do planeta e não beneficiam o País, seu povo e sua economia formal. A ciência e a história recente do país revelam claramente que podemos produzir mais e melhor sem desmatar, e que os biomas são fundamentais para a agricultura e para garantir a segurança hídrica e energética de nossas cidades”, diz Carolina Genin ao “Estadão”, diretora de Clima do WRI Brasil, parte do World Resources Institute (WRI), instituição de pesquisa que atua em mais de 60 países.
Mas qual é a importância da Amazônia para o clima? As florestas do bioma funcionam como grandes armazéns de carbono. Quando a floresta é derrubada e queimada, esse carbono é liberado para a atmosfera, o que contribui para o aumento da temperatura da Terra devido ao efeito estufa (0,7ºC no último século).
Os efeitos associados ao contínuo aumento das emissões de CO² (9 bilhões de toneladas por ano) e de outros gases para a atmosfera são, especialmente: mudanças no clima, quebra de safras agrícolas e o aumento do nível do mar, o que poderia inundar as cidades litorâneas.
As emissões de carbono para a atmosfera provêm da queima dos combustíveis fósseis (80%) e das mudanças no uso da terra (20%), principalmente o desmatamento, que, na Amazônia, libera 200 milhões de toneladas de carbono por ano (2,2% do fluxo total global). Por outro lado, a Amazônia armazena em suas florestas o equivalente a uma década de emissões globais de carbono.
O combustíveis fósseis possuem alto percentual de carbono, também sendo conhecidos por hidrocarbonetos, e entre os mais utilizados se encontram o petróleo, gás natural e carvão. Entre os derivados destes se incluem o óleo diesel, a gasolina, a querosene, o metano, o butano e o propano, entre muitos outros.
O mês de julho não foi nada bom para nossa terra. Fechou com 1.417 km2 de desmatamento na Amazônia. Pará e Amazonas ocupam o primeiro e o segundo lugar no ranking dos maiores desmatadores do mês, com 498 km2 e 402 km2, respectivamente.
Veja abaixo os principais destaques do relatório para nossa região.
Sul da Amazônia e parte do Centro-Oeste
- Atraso das chuvas torrenciais, do sul da Amazônia até o Centro-Oeste, durante o século 21.
- Aumento da seca agrícola e ecológica para meados do século 21 se a temperatura aumentar 2°C ou mais.
- Aumento de seca, aridez ou clima de incêndio afetarão uma ampla variedade de setores, incluindo agricultura, silvicultura, saúde e ecossistemas.
- Deverá aumentar a intensidade e frequência de precipitações extremas e inundações pluviais se a temperatura global aumentar 2°C ou mais.
- Na Amazônia, o número de dias por ano com temperaturas máximas superiores a 35°C deverá aumentar em mais de 150 dias até o final do século 21.
Norte da América do Sul, incluindo Norte do Amazonas
- A intensidade e frequência das precipitações extremas e as inundações pluviais deverão aumentar caso a temperatura global aumentar 2°C ou mais.
- Aumento no número de dias secos e frequência das secas.
Veja abaixo a linha do tempo do aquecimento global desde 1880 até 2020, segundo a Nasa: