O Instituto Iepé, o Imazon, as Associações Indígenas Apitikatxi, Apiwa e Tekohara, a Funai e o Ideflor-bio deram início ao Programa Grande Tumucumaque, que tem o objetivo de apoiar a implementação dos Planos de Manejo das Unidades de Conservação e dos Planos de Gestão Territorial e Ambiental das Terras Indígenas (PGTAs).
O financiamento de US$1 milhão anuais contribuirá para fortelecer as alianças entre os povos indígenas e demais povos vizinhos na gestão de TIs e Unidades de Conservação, que compõem o maior corredor de áreas protegidas do mundo. E isso inclui meios de subsistência sustentáveis e o combate às mudanças do clima.
O Programa Grande Tumucumaque está previsto para durar 15 anos com financiamento do Legacy Landscapes Fund e cofinanciamento da Nia Tero.
“Com os fundos do LLF, será possível instalar bases de pesquisa, monitoramento e conservação da biodiversidade em pontos estratégicos nas duas Unidades de Conservação, o que facilitará a realização de excursões científicas pelo IDEFLOR-Bio e instituições parceiras, culminando no desenvolvimento de mais trabalhos científicos nessas áreas tão importantes em nível global”, conta Lourival Baía de Vasconcelos Neto, gestor da Estação Ecológica do Grão-Pará e da Reserva Biológica do Maicuru no IDEFLOR-Bio.
Arinaware Apalai Wayana, presidente da Apiwa (Associação dos Povos Indígenas Wayana e Apalai), afirma que o programa representa uma esperança para seu povo e território.
“A duração de 15 anos indica que nossas demandas terão tempo de serem atendidas. É uma satisfação para nós”, disse ele.
Para Nara Baré, diretora da Nia Tero no Brasil, o mais importante projeto é a autodeterminação dos povos indígenas para que sejam autônomos, protagonistas das suas lutas.
“Não estamos falando só de florestas, mas das pessoas e da biodiversidade que estão dentro dela. O Programa Grande Tumucumaque prepara o hoje, mas olhando para o futuro”, diz
Sobre a região
O Grande Tumucumaque está localizado no norte do estado do Pará, na fronteira do Brasil com a Guiana Francesa e o Suriname. A área abrange duas unidades de conservação (a Reserva Biológica Estadual de Maicuru e a Estação Ecológica Estadual Grão Pará) e três terras indígenas (Parque do Tumucumaque, Rio Paru d’Este e Zo’é).
Ao todo, são mais de 103 mil km², uma das áreas mais biodiversas do planeta e lar de diversas espécies ameaçadas de extinção e espécies endêmicas (aquelas que só ocorrem em um determinado local). Por isso, sua proteção é essencial para a conservação da Amazônia.
“Por sua extensão territorial de floresta em pé, a região do Grande Tumucumaque é de extrema importância nacional e internacional para o equilíbrio climático, já que funciona como uma grande armazenadora de carbono. Além disso, pela quantidade de espécies que só ocorrem lá, como um tipo de pica-pau dourado, o macaco saium, algumas espécies de pererecas e plantas trepadeiras, é considerado um ‘centro de endemismo’, o que reforça a necessidade de ações de monitoramento e conservação da biodiversidade”, explica a pesquisadora e diretora do Programa de Áreas Protegidas do Imazon, Jakeline Pereira.
Para Aventino Tiriyó Kaxuyana, presidente da Apitikatxi (Associação dos Povos Indígenas Tiriyó, Kaxuyana e Txikiyana). o programa é uma conquista histórica.
“Em 20 anos de Apitikatxi, a gente sempre correu atrás de parceria e de recursos. O caminho foi longo, a gente trabalhou muito pra chegar até aqui. É um programa de 15 anos que vai apoiar na implementação do nosso PGTA e muitas coisas boas vão surgir”, diz