As queimadas persistem em diversos biomas do País, afetando principalmente a Amazônia, que fechou o mês de agosto com 38.266 focos de incêndios, o maior dos últimos 14 anos, segundo o monitoramento do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). A situação é mais grave em 21 municípios onde estão concentrados 50% de todos os registros. Entre eles, São Félix do Xingu e Altamira, que com1.443 focos e 1.102 focos na última semana, respectivamente, lideram o ranking dos que mais queimam no Brasil, posições que se mantêm nestes primeiros dias de setembro.
Somente de 1º a 2 de setembro, São Félix do Xingu contabilizou 342 focos de calor ativos, enquanto que em Altamira o número chega a 224. No entanto, o problema atinge outras regiões do estado que tem cinco dos 10 municípios com mais queimadas em todo o País. São eles: Novo Progresso (139), Ourilândia do Norte (105), que aparecem na terceira e quarta colocação; e Parauapebas (54), em décimo lugar. No total, já são 1.313 incêndios neste mês.
Para conter o avanço dos incêndios, o Governo do Pará decretou, na última terça-feira (27), estado de emergência, incluindo a proibição do uso de fogo para limpeza e manejo de áreas em todo o território estadual. Em entrevista à Globonews, o governador Helder Barbalho informou que a origem dos focos está sob investigação.
“A investigação está acontecendo. Temos atuado para investigar informações advindas de incêndios criminosos, como também a Polícia Federal, da mesma forma, tem buscado atuar. Por ora, não se tem conclusão de que os focos [de incêndio] que estão, neste momento, na região, são advindos de crimes. E se há uma orquestração, como já assistimos há poucos anos, em Novo Progresso, fato que ficou conhecido, em âmbito nacional, como o dia do fogo”, disse.
O pior agosto da história
De acordo com dados do Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais (LASA) da UFRJ. com 3.505.300 hectares queimados até sexta-feira, 30, a Amazônia encerrou seu pior mês de agosto na história em área queimada por incêndios florestais. Trata-se do maior território incendiado na região registrado desde 2012, quando iniciou-se o monitoramento do bioma. O número de focos em agosto foi mais que o dobro do ano anterior.
Até agora, o pior agosto havia sido o de 2020, quando 2.536.600 hectares foram consumidos pelo fogo. E com os números do mês passado, a área queimada na Amazônia neste ano totaliza 5.043.525 de hectares, segundo o LASA/UFRJ. É uma área equivalente ao território da Costa Rica, e maior que países como Dinamarca e Bélgica, explica o Um Só Planeta.
No Pará, os dados do Inpe apontam que 13.803 queimadas no mês passado. No período, as áreas mais afetadas foram os municípios de São Félix do Xingu, com 2.908 focos; seguida por Novo Progresso, com 2.609; e Altamira, com 2.382 queimadas.
Além do Pará, a situação também é grave em estados como o Amazonas que teve seu pior agosto em termos de queimadas desde 1998, quando o órgão iniciou o monitoramento, informa o G1. Parte do território amazonense está encoberto por uma mancha de fogo de quase 500 km de extensão, captada pelo satélite europeu Corpenicus. O problema também afeta Acre, Rondônia, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e agora o Pará, formando um verdadeiro “cinturão do fogo”.