De 1985 a 2023, o Brasil teve 199,1 milhões de hectares atingidos por queimadas, afetando principalmente os biomas Amazônia e Cerrado. Os dados são da nova coleção do MapBiomas Fogo, lançada nesta terça-feira, 18. De acordo com o estudo, as áreas queimadas alcançaram 23% do território nacional, sendo que quase metade dessas ocorrências (46%) se deu nos estados do Mato Grosso, Pará e Maranhão.
No período analisado, a Amazônia teve 82,7 milhões de hectares queimados, o que coloca o bioma em segundo lugar no histórico de registros, perdendo apenas para o Cerrado, onde a área afetada foi de 88,5 milhões de hectares. O município paraense de São Félix do Xingu, no sudeste do estado, figura como o segundo município com mais queimadas nos últimos 39 anos.
O problema é que, diferente do bioma vizinho, a vegetação amazônica não é adaptada ao fogo, o que agrava o impacto do problema na região que pode sofrer com uma grande perda de biodiversidade.
“A Amazônia enfrenta um risco elevado com a ocorrência de incêndios devido à sua vegetação não ser adaptada ao fogo, agravando o nível de degradação ambiental e ameaçando a biodiversidade local, enquanto a seca histórica e as chuvas insuficientes para reabastecer o lençol freático intensificam a vulnerabilidade da região”, explica Ane Alencar, coordenadora do MapBiomas Fogo e diretora de Ciências do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM).
O levantamento do histórico da dinâmica do fogo nas últimas quatro décadas permite compreender os padrões das ocorrências, assim como saber em que períodos e o tamanho das áreas afetadas todos os anos. São informações uteis que servem de subsidio para elaborar estratégias mais eficientes de combate às queimadas.
Os dados coletados apontam, por exemplo, que 68,4% dos registros de fogo foram em áreas de vegetação nativa e 31,6% em áreas antropizadas com pastos ou agricultura. Na Amazônia, além das práticas agrícolas, um grande promotor de queimadas é o desmatamento, que ocorre principalmente em áreas entre 100 e 500 hectares.
Além disso, a pesquisa mostra que o período mais crítico é de julho a setembro, que concentra 79% das ocorrências devido à estação seca. Desse total, 33% dos registros ocorreram no mês de setembro.
O levantamento completo inclui ainda informações sobre a dinâmica do fogo, considerando recortes territoriais e fundiários, como bacia hidrográfica, Unidade de Conservação, Terra Indígena, Assentamentos rurais e quilombos. As informações estão disponíveis para consulta na plataforma, clicando aqui.