O Brasil registrou queimadas em mais de 17,3 milhões de hectares ao longo de 2023. Desse total, 3,9 milhões de hectares foram consumidos no estado do Pará, que liderou o ranking a frente do Mato Grosso e Maranhão. Os dados foram calculados pela organização MapBiomas e mostram que houve um aumento de 6% na propagação do fogo no País em comparação com o ano de 2022, quando foram detectadas queimadas em 16,3 milhões de hectares. Para se ter uma ideia do impacto, a área atingida é equivalente ao território do Uruguai e maior do que o estado do Acre.
O levantamento é feito a cada mês e permite compreender a dinâmica do uso do fogo e os fatores que contribuem para sua disseminação. De acordo com o estudo, o pico das queimadas ocorreu entre os meses de setembro e outubro, quando mais de mais de 4 milhões de hectares foram atingidos.
“Em 2023, o El Niño desempenhou um papel crucial no aumento dos incêndios na Amazônia, uma vez que esse fenômeno climático elevou as temperaturas e deixou a região mais seca, criando condições favoráveis à propagação do fogo”, explica Ane Alencar diretora de Ciência no IPAM e coordenadora do MapBiomas Fogo.
A pesquisa revela ainda que, apesar do fenômeno climática ter ficado menos intenso no final do ano, as queimadas cobriram cerca de 1,5 milhão de hectares apenas em dezembro. Nesse período, o Pará liderou o ranking dos estados mais afetados, com uma área de aproximadamente 658 mil hectares consumida pelo fogo. O dado representa um aumento de 572% na área queimada em relação ao mesmo mês do ano anterior.
Segundo o MapBiomas, os municípios paraenses de Placas, Mojui dos Campos, Uruará, Oriximiná, Nova Esperança do Piriá, Chaves, Santarém, Monte Alegre, Portel e Prainha foi onde houve mais queimadas registradas em dezembro passado.
Por sua vez, os estados do Maranhão e Roraima aparecem em seguida, com queimadas com extensão de 338 mil e 146 mil hectares, respectivamente. A forte presença dos estados da Região Norte demonstra outro dado preocupante: a Amazônia continua sendo o bioma mais impactado pelas queimadas. Somente em dezembro, 1,3 milhão de hectares, isto é, 86% do total do período foi queimado aqui.
Para Ane Alencar, é preciso dar continuidade às ações de combate ao desmatamento a fim de evitar danos maiores e um cenário ainda pior para a preservação do bioma.
“Se não fosse a redução de mais de 50% no desmatamento, diminuindo uma das principais fontes de ignição, com certeza teríamos uma área bem maior afetada por incêndios na região”, analisa a pesquisadora.
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