Uma densa cortina de fumaça, resultado das intensas queimadas na Amazônia, está se espalhando por todo o território brasileiro, atingindo até mesmo o centro-sul do País. O fenômeno, agravado pela seca prolongada e pela temporada de incêndios que se iniciou em agosto, transforma os “rios voadores” – correntes de umidade que transportam vapor d’água da floresta para outras regiões – em verdadeiros corredores de fumaça. A dimensão do problema é tamanha que a nuvem de poluentes pode ser vista do espaço.
Os dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) são alarmantes: nos primeiros 20 dias de agosto, o número de queimadas na Amazônia já ultrapassou o total registrado em todo o mês de agosto de 2023. A seca intensa, que assola a região desde o ano passado, agrava ainda mais a situação, criando condições propícias para a propagação do fogo.
A fumaça proveniente dos incêndios traz sérias consequências para a saúde da população, além de impactar o meio ambiente e a economia. A qualidade do ar se deteriora, aumentando o risco de doenças respiratórias, e a visibilidade é reduzida, afetando o transporte aéreo e terrestre.
O que são rios voadores
Os rios voadores são imensas quantidades de vapor d’água que viajam pela atmosfera, carregadas pelos ventos. É como se fossem rios invisíveis que cruzam os céus, transportando umidade de um lugar para outro.
A Floresta Amazônica é a principal “fábrica” desses rios voadores. As árvores absorvem água do solo e a liberam para a atmosfera por meio da transpiração. Essa umidade se junta em grandes massas de ar, formando verdadeiros rios que “voam” sobre o continente.
Eles são responsáveis por levar a umidade da Amazônia para outras regiões do Brasil, como o Centro-Oeste e o Sudeste, garantindo chuvas e alimentando importantes bacias hidrográficas.
A presença dos rios voadores ajuda a regular o clima em diversas regiões, influenciando a temperatura e as precipitações.
Para se ter ideia do que se perde com a devastação do meio ambiente: a quantidade de água evaporada pelas árvores da Floresta Amazônica pode ter a mesma ordem de grandeza, ou mais, que a vazão do rio Amazonas (200.000 m3/s).