A perspectiva de mais um ano de seca severa na Amazônia já impacta negativamente o setor portuário da região. A Associação dos Terminais Portuários e Estações de Transbordo de Cargas da Bacia Amazônica (Amport) prevê uma queda significativa na movimentação de grãos vegetais nos portos em 2024, segundo a Globo Rural.
A região amazônica, que abriga os principais terminais do Arco Norte, tem se destacado como uma importante rota para o escoamento da produção de grãos do Centro-Oeste do País, especialmente por meio dos rios Tapajós e Madeira. No entanto, esses rios, que são vitais para o transporte, estão enfrentando suas piores condições históricas – efeito direto da queima de combustíveis fósseis para geração de energia, responsável por 80% das emissões de gases de efeito estufa.
De acordo com medições do Serviço Geológico Brasileiro, o rio Madeira alcançou um nível crítico de 2,07 metros em Porto Velho, Rondônia, em 6 de agosto. Esse nível está bem abaixo dos 3,86 metros registrados no mesmo período do ano passado e da média histórica de 5,8 metros para essa época do ano.
No caso do rio Tapajós, a Agência Nacional de Águas (ANA) registrou uma profundidade de 4,74 metros na estação de Santarém na mesma data, abaixo dos 5,79 metros medidos no ano passado.
Flávio Acatauassú, presidente da Amport, estima que, com base na taxa média de descenso do nível da água dos dois rios este ano, será necessário começar a restringir o volume de carga nas hidrovias a partir da segunda metade deste mês. Ele espera que condições climáticas mais favoráveis na margem esquerda do Amazonas possam ajudar a mitigar os efeitos da seca na margem direita da bacia.
Com os problemas climáticos enfrentados no Mato Grosso, como a seca no Centro-Oeste, não foi possível embarcar o mesmo volume embarcado no ano passado, segundo Acatauassú,. “Ou seja, mesmo no período de cheias, com as operações em 100%, não tivemos a mesma quantidade de carga que tivemos em 2023”, afirma.
De acordo com a Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), com o atraso no plantio em função da seca. o volume de milho enviado para os portos da região amazônica tiveram queda de 11,5% no primeiro semestre deste ano, somando 3 milhões de toneladas, De janeiro a junho, foram movimentadas 26 milhões de toneladas de grãos vegetais nos portos amazônicos, 500 mil a menos ao mesmo período de 2023.