Diante das mudanças climáticas e seu impacto ambiental, a Securities and Exchange Commission (SEC), instituição que regula o mercado de capitais dos Estados Unidos, apresentou em março uma proposta que obrigará as empresas de capital aberto e instituições financeiras a divulgarem informações sobre emissões de gases do efeito estufa e riscos climáticos. Mas o que isso tem a ver com o Brasil?
Muito. O Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) trabalhou nos últimos meses no Seguro Paramétrico, o chamado “SIM-INMET”, em que a seguradora, o cliente e o corretor acordam um parâmetro que vai disparar o gatilho de cobertura da apólice do seguro.
Esse parâmetro é ligado a variáveis climáticas, como por exemplo, excesso ou falta de chuva ou de vento ou ainda variações não esperadas em níveis de temperatura. O contrato de seguro define o período em que o parâmetro precisa ser atingido, a localização de cobertura e as informações climáticas do INMET.
Se, durante o período de vigência da apólice, o parâmetro for atingido, a indenização é feita conforme o contratado.
O INMET também tem apoiado empresas do agronegócio a realizarem uma Análise Gestão de Risco Climático personalizada por meio do sistema de previsão climática do INMET e a escolha de indicadores econômicos/climáticos que reduzem os impactos negativos das mudanças climáticas.
Na visão do coordenador-geral de Modelagem Numérica do INMET, Paulo Costa, “a construção dos indicadores a partir dos dados do INMET reduz perdas patrimoniais e de produtividade, o que ainda preserva vidas.”
A ferramenta está sendo utilizada por produtores de cacau do sul da Bahia, em parceria com a NEWE Seguros S.A., a Wiz Corporate Partners, a Dengo Chocolates e ZCO2/BlockC, juntamente com o apoio do Instituto Arapyaú.
Exigência dos EUA
Além da obrigatoriedade na divulgação de emissões, as empresas, de acordo com a nova norma da SEC, também deverão relatar os riscos relacionados ao clima que possam impactar seus negócios ou demonstrações financeiras.
A atitude se deve ao risco à estabilidade financeira e economia, uma vez que, segundo dados do Fórum Econômico Mundial, o clima extremo se apresenta como o segundo maior risco global para os próximos dez anos.
Segundo a resolução, a divulgação do risco climático irá abranger dois tipos de risco: físico e de transição.
O primeiro, inclui eventos climáticos extremos, aumento do nível do mar e mudanças nos padrões climáticos.
Já o segundo está ligado às emissões de efeito estufa, como as emissões diretas e indiretas de uma empresa, a quantidade total de ativos relacionados a combustíveis fósseis e o impacto na avaliação da política e legislação sobre mudanças climáticas.
Fonte: INMET