A violência tem avançado na Amazônia Legal, com 9.011 pessoas mortas registradas nos nove estados do bioma em 2022. O mais violento foi o Amapá, com taxa de 50,6 mortes por 100 mil habitantes, seguido do Amazonas (38,8), Pará (36,9), Rondônia (34,3), Roraima e Tocantins (ambos com 30,5), Mato Grosso (29,3), Acre (28,6) e Maranhão (28,5). Todos eles estão acima da média nacional.
Os dados estão na publicação “Cartografias da Violência da Amazônia”, divulgada pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública nesta quinta-feira, 30 e mostra que, entre os 10 municípios que tiveram mais de 80 mortes por 100 mil habitantes entre 2020 e 2022, 6 são paraenses, incluindo a primeira e a segunda colocadas na lista.
- Floresta do Araguaia-PA (126,6)
- Cumaru do Norte-PA (128,5)
- Aripuanã -MT (121,8)
- Alto Paraguai – MT (110,0)
- Mocajuba – PA (108,0)
- Anapu – PA (100,0)
- Novo Progresso-PA (99,9)
- São José do Rio Claro-MT (99,5)
- Abel FigueiredoPA (95,2)
- Nova Maringá-MT (90,3)
“Se o desmatamento desenfreado e a exploração ilegal de minérios são variáveis presentes há décadas na região, que também convive diariamente com a violência decorrente dos conflitos fundiários, a disseminação de facções criminosas que atuam especialmente no narcotráfico é um fenômeno que se consolidou há cerca de uma década, gerando crescimento dos homicídios e ameaçando ainda mais o modo de vida dos povos indígenas, ribeirinhos e quilombolas”, diz o documento.
Cidade mais violenta
Com 17.898 habitantes, Floresta do Araguaia, situada às margens do rio Araguaia, no Sul do Pará, tem suas atividades econômicas ligadas à pecuária, agricultura e mineração. A região é objeto de disputas de fazendeiros que atuam com criação de gado e como madeireiros. No local, há uma terra indígena e assentamentos rurais, que contabilizam ao menos 13 conflitos fundiários e agrários, de acordo com o Forum.
Já, Cumaru do Norte, fundadao ao longo da rodovia estadual PA-287, tem 14.036 pessoas habitantes, e sofre com a ação dos garimpos e registra alto índice de desmatamento da floresta amazônica. O município abriga a TI Kayapó.
Proteção
A violência na região amazônica cresceu tanto, princialmente contra os quilombolas e indígenas, que algumas comunidades têm recorrido a tecnologias, como GPS e até drones, para proteger seus territórios do crime organizado, como mostra o Estadão. De acordo com a reportagem a violência contra esses povos quadruplicou em dois anos. Foram 232 registros no ano passado, segundo levantamento da Rede de Observatórios da Segurança.
As comunidades quilombolas e indígenas são usadas por facções criminosas como esconderijo diante de operações policiais e também como pontos estratégicos para passar a droga.
São 22 grupos criminosos diferentes, presentes em ao menos 178 municípios da Amazônia Legal brasileira, o que corresponde a 23,05% do total de municípios, segundo Fórum Brasileiro de Segurança Pública. A expansão de facções criminosas provenientes do Sudeste fortaleu e profissionalizou grupos locais.
Novas rotas criminosas surgiram, bem como articulações com garimpeiros e criminosos ambientais da região.
“Não há, portanto, como debater estratégias e políticas para manter a Floresta Amazônica de pé sem considerar a grave ameaça que o crime e a violência representam na região hoje.
Mais do que isso, não há como avançar na agenda ambiental se o projeto de mudança
pensado para o bioma não contemplar segurança pública como uma das dimensões que
precisam ser consideradas urgentes”, afirma o estudo.