Por Melina Marcelino
Desde de fevereiro de 2023, uma articulação de ONGs e movimentos sociais ligados ao Fórum Social Pan-amazônico (FSPA), Assembleia Mundial pela Amazônia (AMA) e Rede Eclesial Pan-amazônica (Repam) vêm se organizando no planejamento dos eixos temáticos que serão debatidos nos Diálogos Amazônicos, a serem realizados de 4 a 6 de agosto de 2023, no Hangar Centro de Convenções, em Belém.
O evento integrará a programação da Cúpula da Amazônia, que acontece dias 8 e 9 de agosto, também na capital paraense, e seus resultados serão apresentados por representantes da sociedade civil aos líderes reunidos na Cúpula.
A ativista de direitos humanos Aldalice Moura Otterloo, que integra o Comitê Executivo da Comissão Organizadora dos Diálogos Amazônicos, explica a importância da participação da sociedade civil organizada no diálogo com o governo federal, e que irá pautar a formulação de novas estratégias para a região amazônica.
“Nós sabemos que este é um evento governamental, mas já que a sociedade civil foi convidada, queremos ter um papel preponderante. As ONGs, os movimentos sociais, a academia têm conhecimento e propostas e gostaríamos de participar desse diálogo” destaca Aldalice.
Também integrante da diretoria executiva da Associação Brasileira de ONGs (Abong), membro da coordenação do Fórum Social do Pan Amazônia e diretora do Instituto Universidade Popular (Unipop) do Pará, Aldalice explica que as atividades dos Diálogos Amazônicos serão divididas em plenárias e atividades auto-organizadas por entidades da sociedade civil, academia, centros de pesquisa e agências governamentais.
“A nossa preocupação e do governo também é ter gente que realmente fale com o conhecimento de causa, e que seja uma fala na perspectiva de uma outra visão de desenvolvimento para região, de uma visão emancipadora da Amazônia e não subjugada pela concepção de desenvolvimento capitalista de exploração exacerbada dos recursos e de respeito aos direitos dos povos originários”.
A proposta apresentada pelo governo federal é de que as plenárias dos Diálogos Amazônicos tenham quatro representantes da sociedade civil e três representantes de governos. O Comitê Executivo da Comissão Organizadora escolherá, entre os expositores/expositoras das mesas, o orador ou a oradora que apresentará as sínteses da plenária para os chefes de Estado, na Cúpula da Amazônia.
A ativista afirma que no processo de construção dos eixos temáticos que serão discutidos, a sociedade civil propôs algumas outras temáticas que consideram importantes relacionadas à situação atual da Amazônia, dentre eles está o desmatamento na região.
“Queremos pensar numa realidade que nos possibilite fazer uma ação que pelo menos freie essa devastação que está sendo feita, não só nos nossos recursos naturais, mas principalmente nos povos originários, nos povos amazônicos”, afirma
Em função disso, ela diz, foi sugerido uma programação em que após a participação popular nas plenárias nos dias 4, 5 e 6 , aconteça, no dia 7 de agosto, uma grande assembleia mundial pelos povos da Amazônia.
“E no dia 8 de agosto queremos fazer uma grande marcha incluindo todos os movimentos, todas as denúncias, todos as avanços, na representação da diversidade populacional e cultural existente aqui na região”, diz a diretora.
A ideia, de acordo com ldalice, é no fim da marcha os representantes dos movimentos sociais e ONGs entregarem ao Presidente Lula uma carta com as propostas dos grupos.
A programação final dos Diálogos Amazônicos só deve ser divulgada no fim de julho, quando termina o prazo para inscrições de atividades auto-organizadas.
Mais informações no site: https://www.gov.br/secretariageral/pt-br/assuntos/dialogosamazonicos