O desenvolvimento do tambaqui (Colossoma macropomum) em sistema de recirculação de água (SRA) é o tema de recente estudo divulgado pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Esta forma de piscicultura vem chamando a atenção de pequenos e médios produtores interessados na criação de peixes em pequenos espaços rurais ou mesmo como alternativa em ambientes urbanos.
A escassez de informações a respeito de espécies nativas da Amazônia criadas com SRA levou uma equipe de pesquisa liderada pela Embrapa Amazônia Oriental (Belém, PA) a eleger o tambaqui como modelo desse estudo de caso. Os resultados estão na publicação Pré-engorda de Tambaquis em Sistema de Recirculação de Água, que já pode ser baixada da internet gratuitamente por meio do Portal Embrapa (acesse aqui).
Esse estudo preparou o terreno para os próximos passos do avanço do conhecimento nesse tema, pois cresce o interesse no cultivo do tambaqui, a espécie nativa mais criada no Brasil. Em 2019, segundo dados Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), alcançou o segundo lugar no ranking nacional, com uma produção total de 101 mil toneladas.
Os cientistas avaliaram o crescimento do tambaqui na fase de pré-engorda em sistema de recirculação de água em comparação com referências existentes sobre a criação da espécie em viveiros e tanques-rede, mostrando algumas vantagens e desvantagens dos diferentes sistemas.
Sistema amigável
No experimento realizado, o tambaqui se adaptou bem ao sistema de recirculação, com desempenho comparável aos registrados para viveiros e tanques-rede, mas engordou menos que nestes.
“Precisamos agora aumentar nossa base de dados relacionada a ganho de peso para podermos chegar na identificação de padrões de crescimento possivelmente relacionados ao sistema de criação”, avalia a bióloga Roselany de Oliveira Corrêa, pesquisadora da Embrapa Amazônia Oriental (Belém, PA) e autora da publicação.
De acordo com a pesquisadora, o sistema de recirculação de água é uma alternativa ambientalmente amigável, apropriada para condições em que o uso da água é restrito, que pode maximizar a produtividade e o uso das instalações, diminuindo a pressão sobre os recursos naturais.
Na descrição de autores anteriores citados na pesquisa, o SRA se caracteriza pelo aproveitamento contínuo da água de cultivo, com reposição de até 5% do volume total para compensar a perda diária por evaporação e manejo do sistema. Se bem utilizado, também proporciona facilidade ao manejo, controle da reprodução dos organismos e biossegurança devido ao isolamento da produção. Além disso, o maior controle do ambiente de cultivo garante um produto com padrão de crescimento previsível, favorecendo o escalonamento de sua produção e comercialização.
São também autores da obra Pré-engorda de Tambaquis em Sistema de Recirculação de Água a zootecnista Luana de Nazaré dos Anjos Aires, o biólogo Eraldo José Madureira Tavares, pesquisador da Embrapa Semiárido (Petrolina, PE), as engenheiras de pesca Viviana Lisboa (Ufra) e Rayette Souza da Silva (IFPA) e Amanda Reis Carvalho (graduanda em Zootecnia/Ufra).