A Universidade Federal do Pará (UFPA) e a Universidade do Oeste do Pará (UFOPA) se uniram a outras quatro academias para criar o Instituto Amazônico do Mercúrio (IAMER). O objetivo é somar esforços para enfrentar um grave problema da região, preencher o “apagão” de dados e desenvolver estratégias de enfrentamento à contaminação por mercúrio na Amazônia, que afeta o meio ambiente e a saúde pública das comunidades
Além da UFPA e da Ufopa, o instituto envolve pesquisadores das universidades federais do Amapá (Unifap) e de Rondônia (Unir), e da Universidade de Gurupi (UnirG), no Tocantins, e da Universidade do Estado do Amazonas (UEA).
A ideia é produzir pesquisa científica, treinamento profissional e engajamento comunitário a partir da instalação de cinco polos de testagem da substância em pessoas em estados da Amazônia Legal, sendo dois deles no Pará e os demais em Rondônia, no Amapá e em Tocantins. .
“As ações do Iamer vêm facilitar o trabalho que está sendo realizado por muitos grupos da Amazônia, porque traz visibilidade e capacidade de articulação na hora de conseguir recursos. Vai melhorar o desempenho do gasto público para essas ações. A ideia é nos apoiarmos, uns aos outros, aqui na Amazônia”, explica a coordenadora do Iamer, Maria Elena Crespo López, que também é professora da UFPA.
O mercúrio é usado na mineração, para separar o ouro de minerais sem valor comercial. Nesse processo, o mercúrio acaba se espalhando pela água, pelo solo e pela atmosfera.
Dados recentes indicam que peixes contaminados com mercúrio estão disponíveis para consumo humano em mercados de várias cidades amazônicas, tanto nas regiões mais afetadas pela mineração, como a bacia do Rio Tapajós, quanto em áreas metropolitanas como Belém, onde não há atividade mineradora.
“A contaminação por mercúrio representa um risco significativo para a saúde pública, pois o consumo de peixe contaminado pode levar a graves problemas de saúde, incluindo danos neurológicos e outras doenças crônicas. Portanto, é crucial implementar medidas eficazes para combater o uso irregular e monitorar continuamente os níveis de contaminação em peixes e outros alimentos, a fim de proteger a saúde da população e preservar o meio ambiente”, afirma a professora.
De acordo com a pofessora, o problema extrapola as fronteiras amazônicas, já que uma vez na água e na atmosfera, o mercúrio pode percorrer grandes distâncias.
“A ciência já demonstrou que o mercúrio gerado na América do Sul – 80% dele é originado da Amazônia – chega a regiões tão distantes como o Ártico. Se o mercúrio gerado na Amazônia está chegando ao Ártico, ele está conseguindo chegar em todo o Brasil”.