O solo é um recurso fundamental para a manutenção da vida, pois oferece serviços essenciais que vão além da produção de alimentos. Ele ajuda a purificar a água, promove a biodiversidade, neutraliza poluentes e regula o clima. Um dos principais mecanismos de regulação climática é o sequestro de carbono orgânico, um processo em que as plantas absorvem dióxido de carbono (CO₂) da atmosfera e o armazenam no solo por meio da decomposição de resíduos orgânicos, como folhas e raízes.
Em ambientes naturais, onde não há interferência humana, o carbono orgânico no solo tende a se manter estável, com poucas alterações. Já em sistemas agrícolas, as práticas de manejo, como o preparo do solo e a forma como os resíduos vegetais são incorporados, podem afetar diretamente a capacidade do solo de armazenar carbono. Por isso, é importante avaliar como diferentes práticas agrícolas influenciam o potencial de sequestro de carbono no solo.
Essa avaliação é especialmente relevante diante da necessidade de expandir sistemas agrícolas que contribuam para a mitigação das mudanças climáticas. Práticas como o plantio direto, a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) e a rotação de culturas são exemplos de manejo que podem aumentar o armazenamento de carbono no solo, ajudando a reduzir a concentração de CO₂ na atmosfera e, consequentemente, combater o aquecimento global.
Mas será que essas informações são de conhecimentos do agricultores?
Um novo estudo procurou entender se essas informações estão disponíveis para produtores rurais das Américas, onde a área ocupada por sistemas agrícolas é estimada em aproximadamente 1,11 bilhão de hectares. A pesquisa também dez uma estimativa do potencial de sequestro de carbono perante a adoção dessas práticas em larga escala.
De acordo com Maurício Cherubin, professor do Departamento de Ciência do Solo da Esalq e vice-coordenador do CCARBON, duas entidades ligadas ao estudo, a adoção do sistema de plantio direto, a recuperação de pastagens e a expansão de sistemas integrados em 30% da área agrícola (aproximadamente 334 milhões de hectares) possibilitariam mitigar aproximadamente 40% das emissões de gases do efeito estufa originados do setor agropecuário no período.
Além, de pesquisadores da Esalq-USP e do CCARBON, fazem parte da pesquisa o Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA) e da Ohio State University (Estados Unidos). As informações são da agência Fapesp