Dados obtidos com exclusividade pela Repórter Brasil mostram todas as áreas do País com risco de ficarem submersas no caso de rompimentos de barragens semelhantes aos desastres ocorridos em Mariana (MG), que deixou 18 mortos em 2015, e em Brumadinho (MG), que matou 270 pessoas em 2019.
Clique aqui para ver o “Mapa da Lama”, ferramenta inédita de consulta.
São quase 700 áreas suscetíveis de norte a sul: vilas, distritos, rodovias, rios e florestas de 178 municípios em 15 estados. As chamadas manchas de inundação – áreas sujeitas a destruição – somam 2.050 km², o suficiente para cobrir as superfícies dos municípios de São Paulo e Curitiba. Enfileirados, os terrenos inundáveis formariam um rio de lama com cerca de 7.000 km de comprimento, a distância de Porto Alegre ao México em linha reta, diz a reportagem.
No Pará, são 46 áreas suscetíveis, sendo a maioria delas na região sudeste do Estado. Segundo o levantamento, parte do município de Parauapeba ficaria submerso em caso de falha de barragens da Vale.
As informações são da Agência Nacional de Mineração (ANM), que recebe os mapas delineados pelas empresas, mas não faz a divulgação. Os dados foram repassados à reportagem pelo Comitê Nacional em Defesa dos Territórios Frente à Mineração, que os reuniu após meses de reivindicação via Lei de Acesso à Informação.
De acordo com o mapeamento, no Brasil, existem 926 barragens de mineração cadastradas, mas ANM monitora apenas 463, por terem patamares mínimos de altura, capacidade do reservatório ou resíduos perigosos, o que as tornam elegíveis para a Política Nacional de Segurança de Barragens (PNSB).
Conforme resolução da ANM, as empresas devem fornecer os mapas de suas estruturas, sejam elas monitoradas ou não pela agência, com identificação das duas zonas. Mas nem todas enviam os dados completos. E 113 sequer apresentaram informações.