O papel das florestas para a manutenção da biodiversidade e a regulação do clima já é bastante conhecido e debatido nas políticas ambientais em todo o mundo. Mas, além disso, a natureza pode proporcionar benefícios para a saúde e a qualidade de vida da população por meio da shinrin-yoku, mais conhecida como Banho de Floresta. Essa prática japonesa é pesquisada e promovida em diversos países e agora é investigada também no Brasil.
O banho de floresta é uma espécie de terapia em que uma pessoa desenvolve atividades como caminhada, observação ou meditação em uma área florestal. Estudos sobre os efeitos desse contato com a natureza revelam aumento das taxas de relaxamento, queda nos níveis de estresse e até regulação da pressão arterial entre seus praticantes.
Yoshifumi Miyazaki, pesquisador da Universidade de Chiba, no Japão, explica que no sentido amplo a shinrin-yoku é o relaxamento proporcionado pela prática de atividades prazerosas em qualquer floresta. Porém, o interesse científico crescente sobre o tema levou a uma definição que evoca os benefícios dessa prática para o combate ao estresse, por exemplo.
“Por meio do Banho de Floresta, o ser humano se integra à mata e entra em sincronia com esse ambiente. Como resultado, acontece um relaxamento fisiológico. O estresse baixa e a imunidade passa a funcionar melhor. Chamamos isso de efeito medicinal de prevenção, ou seja, nós não curamos uma doença, mas prevenimos que o corpo adoeça”, esclareceu Miyazaki em uma live promovida pela Japan House, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e o Instituto Brasileiro de Ecopsicologia (IBE).
Iniciativa aqui no Brasil
O cenário atual das pesquisas sobre Banho de Floresta mostra que há uma concentração de estudos em países da Ásia e da Europa, no entanto, já há uma iniciativa da Fiocruz e do IBE dedicada ao desenvolvimento da prática no Brasil. Vale lembrar que, segundo o Sistema Nacional de Informações Florestais, 58,5% do território brasileiro é formado por florestas, sendo que a mais extensa delas é a Amazônia que ocupa aproximadamente 4,2 milhões de km².
Com amplas áreas de vegetação ainda preservadas e com um mecanismo de universalização da saúde como o SUS, as instituições pretendem levantar informações e evidências sobre o Banho de Floresta, que pode ser incluído como prática integrativa e complementar de saúde acessível a toda a população.
“Há um entendimento de que o trabalho juntamente com as pessoas, do ponto de vista de estreitar sua relação entre a sua saúde e a sua vida com a natureza e com o ambiente deve ser levado em consideração”, justificou o coordenador da pesquisa, Guilherme Franco Netto, ressaltando a importância do trabalho para o embasamento de políticas públicas de saúde associadas aos ecossistemas.