A agropecuária brasileira precisará muito em breve promover melhorias e modernizações nos sistemas existentes e implementar novos instrumentos capaz de atestar a rastreabilidade socioambiental de seu gado. Foi com esse pensamento que a ONG Amigos da Terra – Amazônia Brasileira elaborou um relatório sobre tema, que acaba de ser publicado.
Além de destacar os principais desafios e oportunidades do setor, o texto propõe caminhos para que nosso País possa adotar rapidamente uma produção nacional de animais livres de desmatamento e reduzir a participação da agropecuária na degradação e desmatamento, em todos os biomas brasileiros.
“Para viabilizar essas mudanças de forma rápida, robusta e escalável”, o relatório propõe a criação de um Plano Nacional de Rastreabilidade, que teria o papel de organizar os diferentes órgãos e instâncias governamentais em torno de um Sistema Nacional de Rastreabilidade de Gado Sistema.
Este sistema seria composto por um único banco de dados, disponível para todos os atores da cadeia produtiva e diretrizes a fim de regulamentar a produção nacional de gado livre de desmatamento e outras irregularidades socioambientais.
Com isso, diz o documento, espera-se superar alguns dos principais desafios atuais para a implementação da rastreabilidade animal: baixa transparência das informações oficiais dados sobre a movimentação e identificação dos animais e a ausência de orientações e regulamentações que tratam da rastreabilidade para fins socioambientais.
Intitulado “O Brasil e a Rastreabilidade Animal: Subsídios para o estabelecimento de um sistema nacional que assegure a produção nacional de animais livres de desmatamento”, o documento foi realizado com apoio do Diálogo Agropolítico Brasil-Alemanha (APD) e foi apresentado pela primeira vez durante evento na embaixada do Brasil em Berlim, pelo diretor executivo da Amigos da Terra – Amazônia Brasileira, Mauro Armelin, no final de junho.
“Esse relatório reúne a experiência da organização que tem trabalhado por uma cadeia produtiva agropecuária responsável e sustentável. E busca ainda, apontar caminhos para que o mercado e o governo brasileiro possam responder a demanda internacional por produtos rastreáveis e livres de desmatamento”, aponta Mauro Armelin, um dos autores do relatório.
Um exemplo de demanda internacional, citada por Armelin, é a regulamentação aprovada em abril deste ano pela União Europeia que irá proibir a entrada de commodities produzidos em áreas desmatadas no Brasil.
“A rastreabilidade com fins sanitários já está bastante consolidada no Brasil. No entanto, para atender ao que há de mais recente na demanda global por alimentos, atributos como os socioambientais passam a ser igualmente importante”, diz o documento.