O cerco está se fechando para quem insiste na pecuária atrelada ao desflorestamento. Uma investigação revela que dezenas de milhares de cabeças de gado criadas em fazendas envolvidas em desmatamento da Amazônia e do Cerrado foram abatidas em grandes frigoríficos ligados à cadeia internacional de colágeno. A gigante Nestlé, uma das empresas descobertas no rastreamento do produto, informou que vai encerrar as compras de matérias-primas provenientes da Amazônia imediatamente.
A investigação é uma parceria do site O Joio e O Trigo com The Bureau of Investigative Journalism, com o jornal britânico The Guardian e com a também britânica rede televisiva ITV.
De acordo com a análise, a maior parte dos casos analisados são de fornecedores indiretos dos abatedouros da JBS, em Marabá, no Pará, e em Araguaína, no Tocantins, e da Minerva no mesmo município. Há também envolvimento de uma fazenda dentro de território reivindicado pelo povo indígena Mỹky, no Norte do estado do Mato Grosso, que fornece gado para abatedouros da Marfrig.
A investigação encontrou pelo menos 2.600 km² de desmatamento desde 2008 ligados à cadeia de suprimentos de duas empresas localizadas em território brasileiro com conexões com a norte-americana Darling: a Rousselot e a Gelnex, em processo de aquisição pela empresa.
A Nestlé comercializa a proteína pela marca Vital Proteins, um fenômeno de vendas que conta com a atriz Jennifer Aniston como diretora criativa e garota-propaganda.
Ainda não está claro o percentual exato de colágeno produzido no Brasil e destinado à Vital Proteins. O que se sabe é que a Nestlé, e sua marca Vital Proteins, compram colágeno da Darling Ingredients, cuja empresa no Brasil, a Rousselot, compra parte de sua matéria-prima da Marfrig.