Mais de 113 mil animais criados em 40 fazendas do sudeste paraense exibem um acessório curioso: uma espécie de brinco com um chip e uma numeração. O recurso pode parecer inusitado, mas o seu uso é cada vez mais necessário na pecuária, pois garante a chamada rastreabilidade.
O sistema utilizado no estado foi desenvolvido pelo Protocolo de Rastreabilidade Individual e Monitoramento Indireto (Primi), que permite conhecer o histórico dos animais e seu percurso em todos os elos da cadeia produtiva. A adoção do recurso vem ao encontro de uma das principais demandas do mercado sobre o setor, que visa evitar a compra de animais criados em áreas desmatadas ou qualquer outra violação socioambiental.
“A gente está ficando ilhado”, disse Roberto Paulinelli, proprietário do frigorífico Rio Maria em entrevista ao Globo Rural.
A solução encontrada surgiu da parceria do frigorifico com a Durlicouros, segunda maior empresa do setor de couros do país, a assessoria em conformidade Niceplanet, a certificadora SBCert e a consultoria Green Level Environment Strategy.
O projeto-piloto do Primi começou em junho tendo como diferencial a averiguação de origem individual. Normalmente, a rastreabilidade é feita por lote de animais, o que torna o processo menos seguro.
“A única forma é colocar o brinco no boi”, acrescenta Paulinelli, reforçando que a iniciativa foi bem recebida no mercado. Uma visita técnica às fazendas participantes foi realizada neste mês e demonstrou que há interesse de outros segmentos econômicos na expansão da rastreabilidade.
“Também fomos procurados pelo Carrefour para desenvolver produto rastreado, e o McDonalds, a chefe de sustentabilidade veio na visita. Além do couro, acredito que vão surgir muitos negócios bons para a carne”, afirmou Paulinelli.
Na época do lançamento, a meta era alcançar 20 mil bois rastreados pelo Primi até o final do ano. Mas com o objetivo já superado, a ideia agora é chegar a 200 mil animais chipados no Pará ainda em dezembro.
Para isso, as empresas responsáveis pelo projeto esperam engajar outros elos da cadeia produtiva a doarem recursos para fornecimento de brincos e assistência técnica aos produtores.
“Apoiar projetos responsáveis é melhor do que virar as costas e criticar”, ressalta o diretor financeiro da Durlicouros, Christiano Frizzo.