Um dos projetos encampados pelo Governo Federal visa a recuperação de pastagens degradas como forma de mitigar os efeitos das mudanças climáticas. De acordo com um levantamento da Universidade Federal de Goiás (UFG), o País tem cerca de 109 milhões de hectares com algum nível de degradação, que podem ser restaurados com projetos de agricultura. Uma pesquisa realizada no Pará oferece um recurso que pode potencializar essa recuperação com uso de resíduos de bauxita.
Realizado pela Hydro Alunorte em parceria com o Instituto Senai de Inovação em Tecnologias Minerais (ISI-TM), em Barcarena, o projeto resultou na elaboração de um condicionador de solo produzido em processo de compostagem de resíduos orgânicos agroindustriais com resíduo de bauxita explorada na região
O produto ainda está em fase de protótipo, porém já apresenta boa capacidade de retenção de água e nutrientes no solo. Isso significa que, quando aplicado, o condicionador é capaz de aumentar a fertilidade do solo e auxiliar no crescimento e desenvolvimento das plantas.
Além disso, o condicionador de solo tem potencial para substituir parcial ou totalmente os fertilizantes minerais já utilizados no mercado, o que reduziria a demanda por matérias-primas importadas, fortalecendo a dinâmica da economia circular com menos impactos sobre o meio ambiente.
“A ideia inicial do projeto é justamente utilizar resíduos agroindustriais e minerais para fazer a recuperação dessas áreas impactadas a um custo muito mais baixo”, afirma Adriano Lucheta, diretor do ISI-TM.
Assim como a bauxita, os resíduos de outras materiais da região, como biomassa e dendê, também são analisados pelo Instituto Senai, que considera ser viável produzir em grande escala esses produtos.
Da mesma forma, a destinação dos resíduos de bauxita é uma aposta da mineradora visando a redução de impactos e o atendimento de demandas dos setores de siderurgia, construção civil e agricultura.
“Este projeto dos condicionadores está dentro do setor da agricultura. A médio prazo, nossa meta é utilizar, até 2030, 10% da geração deste resíduo e, a longo prazo, após 2050, eliminar a necessidade de novas áreas de armazenamento permanente para resíduo de bauxita”, esclarece o consultor químico sênior da Hydro, Marcelo Montini.