Pesquisadores do Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG) apresentaram um estudo que destaca o alto desempenho das fibras naturais da aninga (Montrichardia linifera). A planta aquática, comum nas margens de rios e igarapés da Amazônia, é foco de pesquisas há mais de 15 anos e possui um enorme potencial para aplicações tecnológicas, especialmente na indústria de materiais compostos.
Um dos exemplos é tratado em artigo publicado na revista Scientific Reports, da Nature. O trabalho é o resultado de uma colaboração entre o Museu Goeldi e a Universidade Federal do Pará (UFPA), que descreve as características das fibras extraídas do caule da aninga e seu uso para o desenvolvimento de compósitos poliméricos unidimensionais, um material que possui alta resistência e durabilidade. A pesquisa resultou no depósito de uma patente com grande potencial de absorção pelas indústrias.
Os estudos com a planta começaram com a pesquisadora Cristine Bastos do Amarante e hoje envolve um grupo de estudantes de graduação e pós-graduação, além de cientistas de outras instituições, Segundo a especialista, as características da espécie, como a sua resistência, indicam que ela pode ser fonte de fibras naturais úteis para novos materiais de baixo custo e sustentáveis.
“Esta fibra pode ter inúmeras aplicações, tais como na construção civil, na engenharia naval, na indústria de papel e embalagens, na medicina, entre muitas outras. Inclusive, ela poderá ser mais uma alternativa para a corda do Círio, por exemplo”, afirma a pesquisadora do Museu Goeldi, Cristine Amarante.
Outra característica é que a aninga possui poros e estruturas em formato de favo de mel em sua fibra, o que aumenta a rugosidade da superfície e permite maior ligação e aderência comparáveis às propriedades de outras fibras já bastante conhecidas, como o algodão, o linho, o cânhamo e o curauá.
Para os pesquisadores envolvidos, a fibra da aninga é apenas um exemplo de como a ciência e a tecnologia podem ajudar a aproveitar os recursos naturais de maneira responsável e eficiente, promovendo o desenvolvimento econômico e sustentável na Amazônia.